Mulheres ao volante: um mercado em expansão

O setor de transporte é um dos que mais sofrem com a escassez de profissionais e o número de mulheres ocupando vagas dos cursos destinados à área aumentou em 50% em 2013 com relação ao ano anterior, segundo dados do Sest/Senat. Essa realidade fez com que algumas empresas alterassem sua postura e abrissem caminho para que esse novo perfil se incorpore ao mercado predominantemente de homens. A maioria das motoristas atua com o transporte de cargas local, em curta distância, dentro das cidades.

Em empresas que já inseriram mão de obra feminina, foi observada uma diminuição considerável tanto no número de acidentes como no uso de combustível, os maiores geradores de custos para as transportadoras. Já se fala inclusive em que, futuramente, o setor possa ter desconto em negociações com seguradoras. Ou seja, a mudança no quadro de funcionários tem sido estratégica para a redução de custos e para o crescimento da economia dessas empresas, que alegam que as mulheres se diferenciam dos homens em alguns pontos, como:

• são mais cuidadosas ao dirigir, se comprometendo mais em respeitar as leis de trânsito
• se arriscam menos, dificilmente realizam ultrapassagens não permitidas
• programam melhor as rotas, consequentemente economizam no combustível
• são mais cuidadosas com a conservação e manutenção do caminhão

Diferente do que acontece em muitos setores, no mercado transportador não há diferença de salários entre homens e mulheres e o valor pago muitas vezes é maior do que em outras profissões que exigem o mesmo grau de escolaridade. Algumas empresas utilizam essa grande demanda feminina para estarem de acordo com normas de inclusão social e diversificação. Direcionam vagas de condutor especialmente para elas, exigindo apenas a habilitação e oferecendo todo o treinamento necessário, inclusive sobre a tecnologia dos caminhões.

As transportadoras estão confiando cada vez mais no potencial feminino e investindo na inclusão de mulheres para postos de motorista. Segundo essas empresas, o preconceito já diminuiu muito no setor e a tendência é a contratação sem restrição de gênero. Em geral, o perfil que se interessa pelas vagas são mulheres separadas e com filhos.

Muitos fatores atraem as mulheres à profissão de motorista, como o salário e a demanda. Mas vale lembrar que esse posto implica também em muitos riscos. Em função da falta de infraestrutura do país, muitas rodovias não estão em bom estado de conservação, o que pode gerar acidentes. Também não possuem sistemas de segurança adequados, facilitando os roubos de cargas.

As entidades do setor também ressaltam o fato de que muitos motoristas que realizam descarregamento noturno nas cidades não encontram lugar apropriado para aguardar a finalização do trabalho e não há suficientes centros de apoio onde, por lei, o motorista deveria realizar o descanso.